Seguidores

domingo, 29 de julho de 2012

Preguiça

Ando com uma preguiça danada de mim. Existem pecados bem mais deliciosamente interessantes...a luxúria, a gula, a ira (ou todos juntos). Só que a preguiça me dominou nos últimos dias. Não acho de todo ruim, ela é o tempo que tenho para meus pensamentos se distraírem e minha alma ficar tranquila no momento da espera. Ela é o tempo sem pressa, sem a agonia das horas urgentes.
Entender alguns períodos como momentos de espera é bem difícil em tempo de ultra velocidades. Tudo gira tão depressa. As informações, o conhecimento, as pessoas, os olhares. Quero desacelerar, fingir que sou sábia, como eram os bons que me precederam, e deixar que a vida aconteça sem a ansiedade do momento seguinte. Amanhã vai ser outro dia e é muita provável que eu não possa uras mais a roupa confortável da madorna e entrar no moto-contínuo louco da minha rotina. Acho que nem é hora de pensar no amanhã, nem sequer no próximo minuto. Estou com preguiça disso também.

NOTA:
A Preguiça: a Igreja Católica apresenta a preguiça como um dos sete pecados capitais, caracterizado pela pessoa que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à inatividade acentuada. Aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio, vadiagem. Do latim prigritia.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Pecado_capital_(cristianismo)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Nariz absoluto no homem relativo

Na hierarquia dos sentidos o olfato não ocupa uma posição muito digna. Talvez seja o sentido que tenhamos menos pena de perder. Meu avô Salvador (acho que tinha esse nome pelas inúmera vezes que teve que salvar a si próprio) perdeu o olfato por conta de uma meningite, da qual sobreviveu, naqueles tempos difíceis. Sempre se falou que o dano foi mínimo, "foi só o olfato". Não creio que seja assim. O olfato é o sentido das lembranças. Cada cheiro de passado é uma imagem que se forma. O cheiro da casa da minha avó no interior, do pão feito em casa, do óleo diesel dos caminhões que passavam por nós na estrada, cheiro de filho, de pele quando se sai do banho, de terra molhada... Não posso menosprezar os demais, somos dependentes de todos os sentidos para a percepção do mundo,e particularmente, são eles que me aproximam de uma vida instintiva, adormecida pela intelectualidade pós-moderna. No entanto as particularidades do olfato me encantam. A perda de outros sentidos faz que outros se agucem. O olfato não. Diretamente ligado ao paladar, sua perda causa uma diminuição significativa percepção do gosto das coisas. É o sentido da parceria, não caminha só.
Gosto de cheirar. Não é um hábito muito educado e cultuado. Talvez se eu tivesse vivido nos primórdios da existência humana fosse algo aceitável e necessário. Atualmente com tantos prazos de validades e selos de segurança tornou-se quase que obsoleto. Cheirar o mundo é inspirá-lo. Gosto de cheirar meus textos assim que termino de escrevê-los com caneta esferográfica. É único, porque é volátil. Em minutos o odor se esvai e restam apenas as palavras. Nessa hora tenho a sensação de colocá-las para dentro de novo. Encher os pulmões de inúmeras partículas invisíveis. Inspirar. Também gosto disso, em todos os sentidos que isso tenha. Oxigenar meu corpo de tudo. Inspirar sempre. Inspiro-me.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O diabo e o sete de ouros

Gosto de oráculos. Principalmente porque a linguagem deles cabe em qualquer expectativa. O tarot me fascina. Tantos símbolos que eu posso jogar e pronto, minha resposta estará lá, ainda que eu não esteja pronta para entende-la.
Eu estava querendo respostas. Joguei. O diabo e o sete de ouros. algumas cartas possuem nomes meio assustadores: o diabo, a morte, o enforcado. Tudo bem, muitos já sabem que são só nomes, as cartas que têm nomes agradáveis nem sempre são tão boas assim. Mas virar uma carta assim sempre me gela a espinha.
Os prognósticos não eram ruins. Sempre me sobram da leitura das cartas algumas poucas palavras. Coragem. Não vender sua alma. Não é preciso uma carta para me dizer isso.Minha alma não tem preço. Pelo menos agora.
Em outros tempos já foi vendida, emprestada, doada, esquecida. Agora sinto-a minha, absolutamente minha. Foi um encontro difícil, descobrir-me. Tem sido. Não posso mais me negar esse prazer solitário da minha eterna busca. Eu.