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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Febre

Meu corpo arde em febre. Não é uma febre comum, desses tipos que uma gripe nos dá. É uma febre que me consome por dentro cada dia que me afasto de mim. Só que todos os dias têm sido assim, a cada passo que me desvio é como se ferisse a mim mesma, e tenho feito isso sempre. Talvez seja só apenas mais uma segunda-feira, no meio de outras tantas segundas que virão e se seguirão infinitamente, até o dia em que eu despertar e não me reconhecer mais. Meus sonhos são imensos. Como podem caber dentro de mim? Meu corpo continua ardendo. É só uma febre.


Hoje acordei...

Hoje acordei triste.
Invadida por uma tristeza tão grande
Que não mais cabia dentro de mim.
Acordei com o gosto seco da certeza
Enchendo minha boca de não,
Sepultando minhas dúvidas
No caminho do que é real.
Hoje acordei assim,
Sem possibilidade remota de sonho,
Sabendo que cada dia,
É apenas um dia,
E outros, e mais outros, mais outros...
Interminavelmente certos,
Retos, frios, pálidos.
Hoje acordei sem saber
O que fazer com meu coração
Pequeno e frágil,
Soterrado pelo medo,
Covardemente escondido
Dentro de minhas mãos.
Sou o que sempre soube ser,
Nem sempre sei o que fazer
Com o que sinto,
Nem tão pouco sei sentir o que sinto,
Não sei sofrer completamente,
Não sei nada absolutamente.
Sirvo de morada
Para versos vazios,
Encerro minha tristeza
Nos dias que não consigo viver.
(Lugar Algum - p. 47)

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