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domingo, 29 de abril de 2012

Solidão e pão de queijo



Acordei cedo em um lugar estranho. Um quarto de hotel com simplicidade franciscana é o que me basta. Solidão necessária (mais do que eu imaginava) e incômoda (menos do que eu esperava). Acordei com vontade de escrever em jejum, com o gosto das palavras dormidas e os pensamentos sonados florescendo nas primeiras horas do dias. Mas esqueci que sou uma criatura faminta e sedenta, nada metaforicamente falando. A fome e a sede me levaram ao café com pão de queijo e um passeio sob a chuva fina de Minas.Aqui as horas se alongam, o que me faz bem.
Ontem passei a noite com as minhas meninas. Estou me despedindo delas e isso me fez chorar. Concluir um trabalho é algo angustiante. O que será delas depois que partirem de mim? Não serão minhas mais, mas outros olhos as olharão como eu as olhei? Serão tão amadas como são por mim? Elas precisam ganhar o mundo. Mundo grande, sem porteiras. É preciso e assustador.



Moram em mim
outros olhos que me veem.
Neles existo e não me enxergo.
Tenho os olhos de versos.
Olhos de alma
que mostram meu coração de vidro,
tão pequeno e frágil,
que brilha e lacera em meu peito
inúmeras feridas
da onde brotam palavras vazias,
palavras vãs,
que eu nunca conseguirei entender.
(Coração de vidro- Caos- adaptação)

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